quarta-feira, 23 de março de 2011

Cinco vantagens próprias às atitudes empresariais socioambientais inovadoras

1ª Evidência:

Com o inegável aumento da preocupação na seara do meio ambiente, os consumidores passaram a exigir padrões mais altos de qualidade sócioambiental dos produtos que compram e, conseqüentemente, iniciou-se um processo seletivo por parte dos mesmos com relação às empresas que oferecem tais vantagens, ou não.

Ao que tudo indica, tal consciência só tende a ser crescente e então, natural e igualmente crescerá o referido processo de seleção, fatores estes que pressionam a industria a ter uma produção cada vez mais limpa.

Justificativa

Como a imagem ruim vinculada às empresas desprovidas de cuidados sócio-ambientais já é fatídica, imensa e só parece aumentar, pode-se afirmar que sem dúvidas comprometerá a longevidade destas pois a presença da consciência quando em níveis como os atuais acarreta mudanças, ou seja, as empresas que não atenderem as exigências inclusive ambientais dos consumidores comprometerão suas chances de sobrevivência, podendo ser pelos mesmos excluídas do mercado.

2ª Evidência:

Para que se tornem empresas social e ecologicamente aprovadas aos olhos da sociedade civil e entidades públicas, “investimentos em tecnologias limpas, sistemas de gestão ambiental que envolvam economia de recursos, reciclagem, reaproveitamento de resíduos, tratamento da água utilizada no processo produtivo para reutilização, substituição de matérias-primas, uso de energias alternativas, dentre outras mudanças no processo de produção” (1) além de políticas estruturais especificas de combate a fome, do apoio a projetos com escolas e instituições públicas bem como o incentivo a estratégias de inclusão social, devem constituir a pauta das políticas empresariais engajadas na preservação da natureza e na sua sustentabilidade.

Justificativa

Ao contrário do que pensava até muito recentemente a grande maioria dos empresários donos do poder, a adoção dessa nova política de privilegiar sistemas produtivos que diminuem impactos causados pelas atividades produtivas não é algo apenas social e ambientalmente responsável que gera mais gastos e empecilhos, e é sim uma inovadora forma de angariar ainda mais lucros, uma vez que, na medida em que a empresa consegue encontrar maneiras de controlar custos e ganhos financeiros aumenta sua competitividade e garante assim a capacidade de sobrevivência e sucesso econômico da companhia nos padrões atuais e futuros.

De forma ilustrativa, traz-se o exemplo apresentado pela Revista Exame em matéria sobre multinacional do ramo de bebidas que ao assumir práticas como a substituição do uso de combustíveis não-renováveis, do uso do óleo e de gás natural por biomassa e biogás, evitou a emissão de quase 100 mil toneladas de gás carbônico por ano, o que representou uma significativa economia de R$ 5,7 milhões para a mesma.

“Atitudes de medidas racionais para proteger e conservar o meio ambiente tornam-se rapidamente condições sine qua non para bons negócios e para a própria sobrevivência da empresa no mercado” (DONAIRE, 1999, p. 34).

3ª Evidência:

Com a redução do consumo de água, energia, geração de resíduos e práticas como o reaproveitamento destes, conseqüentemente, poderá crescer a produção destas empresas ecoeficientes, uma vez que, mesmo em longo prazo, elas têm com isso mais capital para ampliar suas bases de produção gerando novos empregos e reflexos sociais positivos. A redução de custos que antes parecia impraticável, hoje garante a liderança da empresa no mercado bem como sua perpetuação.

Justificativa

A partir do exposto, pode-se perceber que uma empresa ecoeficiente consegue gerar resultados quando garante a redução do impacto ambiental possível em todas as etapas de seu processo, interferindo cada vez menos na natureza e melhorando seu resultado.

A mesma multinacional do ramo de bebidas citada pela Revista Exame assumiu também práticas como o reaproveitamento de 96% dos resíduos sólidos provenientes do processo de produção o que fez a companhia obter uma receita de R$ 51 milhões com a venda de subprodutos a serem transformados em matéria-prima para outras indústrias, ao invés de serem encaminhados a aterros sanitários.

Evidencia-se assim que a otimização do uso dos recursos na produção é sem dúvida a melhor alternativa ambiental para a preservação da sustentabilidade da biodiversidade além de representar, financeiramente, ganhos econômicos significativos para as empresas preocupadas com o uso racional da água e energia e com as mudanças climáticas.

4ª Evidência:

Segundo a WBCSD - World Bussines Council for Sustainable Development (1996), a ecoeficiência é alcançada mediante o fornecimento de bens e serviços a preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e que tragam qualidade de vida, ao mesmo tempo em que ocorre a busca da redução progressiva do impacto ambiental e do consumo de recursos ao longo do ciclo de vida até um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada da Terra.

Neste contexto, a WBCSD aponta como um dos fatores capazes de garantir o sucesso e permanência de empresas social e ambientalmente responsáveis, a ênfase dada pelas mesmas à qualidade de vida da humanidade, ou seja, acredita que o sucesso das companhias no futuro estará cada vez mais focado nos produtos e serviços que atendam a necessidades reais dos clientes-consumidores finais, e não àquelas criadas, onde aquisições são feitas para satisfazer meros caprichos frutos da política capitalista imperante no mundo atual alicerçada no consumo desenfreado e não sustentável.

Justificativa

A produção ecoeficiente é uma tendência de mercado arrojada e ambiciosa, é também uma fonte de inovação ambiental e uma significante ferramenta de competitividade devido à redução de custos, o crescimento dos lucros, maior produtividade e melhoria da qualidade da empresa.

Diz-se ainda que é essa percepção, quanto a ecoeficiência, que levou também a mudanças comportamentais da sociedade em busca de condições de vida mais saudáveis, principalmente no que tange a conservação do meio ambiente fazendo-os pensar então em consumir menos produtos dispensáveis, gerar menos lixo e consumir menos manufaturados a partir de fontes esgotáveis e ecologicamente incorretas.

Observa-se que práticas como a contratação de pessoas com necessidades especiais, colaboração a entidades sociais, atuação em projetos comunitários bem como promoção e estimulação de ações ambientais de conservação, reciclagem e descarte seguro são atitudes sócioambientalmente corretas que têm grande peso quando o cerne da questão é, justamente, qualidade de vida.

À luz do exposto, fica fácil vislumbrar que apenas empresas voltadas a políticas sócio-ambientais terão sua continuidade garantida.

5ª Evidência:

Com a adoção das referidas práticas sócio-ambientais é sabido que a organização pode alcançar vantagens competitivas matematicamente mensuráveis, como aumento de lucro, redução de custos, reutilização de insumos, aumento do número de clientes, economia de recursos, além de ser uma forma de inovar produtos, serviços e procedimentos da organização, evitando gastos desnecessários e melhorando progressivamente sua imagem aos olhos de toda a sociedade.

Em virtude do exercício destes inúmeros fatores positivos recém mencionados, entre outros, a empresa que os adota, ou seja, a chamada eco-capaz terá imensamente maiores possibilidades de realizar boas parcerias, fazer excelentes negócios com outras companhias também sócioambientalmente responsáveis ou ainda receberem novos capitais a partir de outros investidores, uma vez que, encontram respaldo em índices de sustentabilidade como por exemplo o Dow Jones Sustainability Index criado em 1999 exatamente para consagrar tais empresas e suas práticas sustentáveis em face ao mundo globalizado.

Justificativa

Assim, nessa perspectiva de competitividade empresarial e instabilidade econômica, “a gestão ambiental e a responsabilidade social, enfim, tornam-se importantes instrumentos gerenciais para capacitação e criação de condições de competitividade para as organizações, qualquer que seja seu segmento econômico.” (TACHIZAWA, 2002, p. 24) o que só faz aumentar suas chances de se manterem no mercado.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de, TAKESHY, Tachizawa, CARVALHO, Ana Barreiro de. Gestão Ambiental: Enfoque Estratégico Aplicado ao Desenvolvimento Econômico. 2. ed. São Paulo, Pearson Education do Brasil, 2002.

COSTA, Filipe. Responsabilidade Sócio-ambiental das Empresas. Instituto Jurídico de Inteligência e Sistemas – IJURIS/ECOTEC. Disponível em: http://www.i3g.org.br/nucleos/ecotec/apresentacoes/responsabilidade_socio_ambiental_das_empresas.pdf Acesso em: 10 de novembro de 2009.

DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. 2. ed. São Paulo : Atlas, 1999.

TACHIZAWA, Takeshy. Gestão Ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias de negócios focadas na realidade brasileira. São Paulo, Atlas, 2002.

RUSSO, Michael V. & FOUTS, Paul A. A resource-based perspective on corporate environmental performance and profitability. Academy of Management Journal, v. 40, n. 3, p. 534-559, 1997.

WBCSD – World Bussines Council for Sustainable Development. Disponível em: <www.wbcsd.org>. Acesso em: 09 de novembro de 2009.

__________Dow Jones Sustainability Indexes. Disponível em: < http://www.sam-group.com/htmle/djsi/indexes.cfm > . Acesso em: 13 de novembro de 2009.
__________ ALVES,Jordania Louse Silva, LYRA, Ana Valéria ToscanoBarreto, SICSU, Abraham Benzaquen, MEDEIROS, Denise Dumke de Medeiros. A Viabilidade da Ecoeficiência Como Fonte de Inovação e Ganho Competitivo nas Micro e Pequenas Empresas. V Congresso Nacional de Excelência em Gestão. 07/ 2009. Disponível em: <http://www.vcneg.org/documentos/anais_cneg5/T8_0143_0641.pdf > Acesso em: 13 de novembro de 2009. indexes.com/07_htmle/reviews/review2009.html> Acesso em: 13 de novembro de 2009.

___________ Instituto Observatório Social. Disponível em: <http://www.observatoriosocial.org.br/portal/index.php?option=content&task=view&id=1439&Itemid=89>. Acesso em: 14 de novembro de 2009. (1)

__________ DJSI Review 2009 - Results. Disponível em: <http://www.sustainability-indexes.com/07_htmle/reviews/review2009.html> Acesso em: 13 de novembro de 2009.