terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Tripé da Sustentabilidade

Foi principalmente a partir do final do século XX que ficaram mais visíveis os recentes esforços para incorporar a noção de sustentabilidade inclusive nas políticas públicas voltadas para a promoção do desenvolvimento mundial.

A preocupação com a sustentabilidade tornou-se permanente e determinante nas estratégias de desenvolvimento de praticamente todos os países; assim, várias reuniões internacionais sobre esta temática foram promovidas pela ONU.

Sob esta alusão, destaca-se a Agenda 21 como sendo o mais importante compromisso sócio-ambiental em prol da sustentabilidade firmado até então. Foi durante a RIO-92, com mais de 2,5 mil recomendações práticas, que a Agenda 21 estabeleceu o desafio do milênio seguinte: um instrumento de planejamento estratégico que visa implementar um novo modelo de desenvolvimento sócio-econômico e ambiental, construído "de baixo para cima", orientado a melhorar e resguardar a qualidade de vida das gerações futuras.

Em virtude de a harmonia do homem com a natureza ter sido rompida pelas próprias ações antrópicas, gerou-se a desqualificação de certos espaços urbanos bem como o comprometimento do meio ambiente natural. Sem sombra de dúvidas, o modelo social capitalista é um dos fatores que tem perpetuado esta situação uma vez que este passou a usar a natureza de maneira predatória, extrativista e descontrolada, comprometendo os recursos naturais, prejudicando o equilíbrio de todo o ecossistema e gerando estruturas e resíduos que podem vir a colocar em risco à sobrevivência do ser humano; fator este que desencadeou toda uma nova preocupação voltada ao resgate da simetria homem - meio ambiente supracitada e agora defendida a níveis também internacionais.

Em outras palavras pode-se dizer que o quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que o impacto dos humanos sobre o meio ambiente tem tido conseqüências cada vez mais complexas, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos e, desta forma, a problemática da sustentabilidade assume neste novo século um papel central na reflexão sobre as dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram.

Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável surge para enfrentar a crise ecológica imperante na sociedade moderna e o faz através da prática de implementação de seu tripé formador, qual seja, a relação entre desempenho econômico, responsabilidade social e responsabilidade ambiental, isto é, através da associação dos objetivos econômicos à responsabilidade socioambiental, como por exemplo em empresas ou cidades.

Como se pode depreender de uma analise da definição exposta à cima, a preocupação com o desenvolvimento sustentável representa então a possibilidade de garantir mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos e sociais que sustentam as comunidades.

Há autores que, como Sachs (2000, p. 85-88), desmembram esta tríplice formação conceitual e trabalham com algumas outras dimensões – a social, a econômica, a ecológica, a territorial, a cultural e a política, no entanto, a estudante que ora escreve, entende que estas três são intrinsecamente suprimidas por aquelas três, e então, permite-se aprofundar apenas as primeiras citadas.

Desta maneira, partindo de um contexto socialmente sustentável, pode-se dizer que o seu principal objetivo encontra-se na construção de uma civilização onde haja cada vez menos disparidade na distribuição da cultura, escolaridade, riqueza... sendo que para tanto é necessário existir a igualdade no acesso aos recursos e serviços disponíveis nas comunidades e maior abrangência dos mesmos, questão que exige a alocação dos esforços para gerar dinâmicas que reduzam a exclusão social e ampliem os mecanismos para promover uma maior igualdade na sociedade como por exemplo através de projetos de resgate da cidadania das classes menos favorecidas, etc.

Já em se tratando do escopo econômico, inclui-se a necessidade de equilíbrio no desenvolvimento intersetorial, capacidade de modernização dos meios de produção e a reutilização de materiais em demais fases do setor produtivo industrial, pressupondo-se para tanto, autonomia na geração e disseminação do conhecimento (pesquisa cientifica e tecnológica), onde a medida da eficiência econômica seria o equilíbrio macrossocial, e não mais a lucratividade empresarial.

Finalmente, no tocante à sustentabilidade ambiental, esta seria alcançada pela limitação no uso dos recursos não renováveis, e, além disto, através da promoção de mudanças no padrão de consumo da sociedade, através da valorização dos produtos gerados em processos que contribuem para o equilíbrio ambiental . Para tanto, na escolha de sistemas de produção, deve-se privilegiar os que combinam qualidades essenciais para a sustentabilidade – menores consumos de energia e matérias-primas e que estas sejam preferencialmente renováveis; com o menor efeito poluidor, quer seja no volume de resísuos produzidos, quer seja em termos de grau de impacto ambiental gerado, o que requer, por exemplo, ampla reorientação em termos de modelo agrícola adotado no País, numa definição clara na opção pela agricultura sustentável.

Como modelo do referendado sustentável descrito, pode-se citar a China em sua seara agrícola, eis que, a razão de seu forte crescimento econômico foi a implementação de reformas que deram aos pequenos produtores rurais a capacidade de aumentar sua produção. Esses produtores tiveram acesso a lotes próprios, à capacitação e a equipamentos agrícolas. Com tais insumos, o meio rural chinês conseguiu produzir e poupar o suficiente para financiar outras atividades, como a industrialização assim, nos últimos 20 anos, a China conseguiu se transformar numa das maiores potências industriais do mundo, além de ter reduzido, em mais de metade, sua taxa de pobreza.

À luz de todo o exposto, conclui-se que a preocupação com o desenvolvimento sustentável representa a possibilidade de garantir mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos e sociais que sustentam as comunidades atual e futura e que portanto, deve cada vez mais imperar tanto em níveis locais quanto internacionais para assim alcançar êxito de forma real e palpável a partir do equilíbrio entre suas dimensões formadoras: o social, ambiental e o econômico.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


A adaptação motiva a vantagem competitiva e a sustentabilidade. In: O que estratégia é. Disponível em: <http://www.superartigos.com/administracao-e-negocios/o-que-e-estrategia.html>. Acesso em: 08 mar. 2010.

BRÜSEKE, Franz Josef. O Problema do Desenvolvimento Sustentável. In: VIOLA, Eduardo et al. (Org.) Meio ambiente, desenvolvimento e cidadania: desafios para as ciências sociais. Santa Catarina: Cortez Editora, 1995.

JACOBI, Pedro. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16834.pdf. Acesso: 09 mar. 2010. Material da 2ª aula da disciplina Tópicos Especiais de Direito Ambiental e Urbanístico, ministrada no Curso de Pós-graduação lato sensu televirtual em Direito Ambiental e Urbanístico – Anhanguera- UNIDERP
REDE LFG.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Agenda 21 e a sustentabilidade das cidades. Disponível em: <http://www.uff.br/cienciaambiental/biblioteca/caderno_verde.pdf>. Acesso em: 08 mar. 2010.

PIPPI, Luis Guilherme Aita; AFONSO, Sonia; SANTIAGO, Alina. A aplicação da sustentabilidade no ambiente urbano. Disponível em: <http://www.universia.com.br/html/materia/materia_gcbf.html>. Acesso em: 09 mar. 2010.

SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2000.
THOMAS, Vinod. Os três fatores da sustentabilidade. Disponível em: <http://www.carbonobrasil.com/?id=112961>. Acesso em: 08 mar. 2010.

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