terça-feira, 24 de agosto de 2010

Vantagens e desvantagens do Projeto de Transposição das Águas do rio São Francisco

Antes de iniciar a principal analise a que o presente estudo se propõe, qual seja, as vantagens e desvantagens econômicas, sociais e ambientais do projeto de transposição do rio São Francisco, fez-se necessário a exposição de alguns aspectos técnicos e naturais que motivariam, ou não, esta ampla, relevante e delicada mudança. A ssim, para que se comece a entender a dimensão deste tão temido desígnio de transposição, atualmente gerido através do Projeto de Integração do São Francisco, sob responsabilidade do Ministério da Integração Nacional, e que inclui o Programa de Revitalização Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (PRSF), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, parte-se então dos seguintes apontamentos:

1) O Nordeste brasileiro representa 18,7% do território nacional, região onde vivem 28% de toda a população do Brasil e para os quais há apenas 3% da disponibilidade de água do país.

2) 60% da região Nordeste estão em área vulnerável ao fenômeno natural da secas. O rio São Francisco representa 70% de toda a oferta regional de água.

3) A seca se concentra na área com parte de oito estados nordestinos (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe). Suas principais causas são naturais, pois a área recebe pouca influência de massas de ar úmidas e frias vindas do sul, permanecendo durante muito tempo, no sertão nordestino uma massa de ar quente e seco, com escassa ocorrência de chuvas durante o ano.

4) Os quatro Estados, CE, RN, PB e PE dispõe de uma reserva permanente de água subterrânea de 1,18 trilhões de m³ sendo uma parcela de 7,08 bilhões de m³/ano passível de explotação.

5) As recargas anuais dos aqüíferos (reservas renováveis) somam 4,736 bilhões de m³ (aqüíferos sedimentares mais cristalinos).

6) O nordeste tem uma diversidade climática causal de três tipos de zonas agrícolas: a zona da Mata (com clima quente e úmido, estações bem definidas - uma chuvosa e a outra seca), a do Sertão (também quente, mas, seca e vulnerável a esse fenômeno natural) e a do Agreste (intermediária, com trechos quase tão úmidos como da Mata e outros tão secos como a do Sertão), ou seja, possui assim áreas úmidas e chuvosas.

7) O rio São Francisco nasce na região Sudeste, atravessa a Centro-Oeste, chegando até a Nordeste e, na divisa entre Sergipe e Alagoas, após cruzar três Estados, desemboca no mar. É um dos maiores e mais importantes rios do mundo pois estende-se por 2.700 quilômetros.

8) Apenas 5% das águas do São Francisco são aproveitadas pela população, os outros 95% desembocam no mar.

9) Conhecido como Velho Chico, o rio que ao longo de sua extensão recebe águas de 168 rios afluentes é considerado símbolo da integração nacional. 90 destes rios são perenes e os outros 78 temporários, isto é, podem secar em períodos de seca. Seu fluxo é interrompido por duas barragens para geração de eletricidade, Sobradinho (que garante a fluência do rio mesmo no período da seca) e Itaparica, ambas na divisa entre Bahia e Pernambuco.

10) O usuário que mais demanda água, não só no rio São Francisco, mas no mundo, é a agricultura irrigada. A água que atende os usos agrícolas de irrigação varia de 60% a 70%. Qual o foco central deste projeto que envolve tantas questões multidisciplinares?

O Projeto de Integração do rio São Francisco objetiva assegurar, em 2025, a oferta de água para consumo das populações urbanas de pequenas, médias e grandes cidades da região Semi Árida do Brasil. Em Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte aproximadamente 12 milhões de pessoas em 390 municípios do Agreste e do Sertão destes Estados seriam beneficiadas com este abastecimento.

Em termos práticos, no que consiste a transposição das águas do São Francisco?

A integração do rio São Francisco às bacias dos rios temporários do Semi-árido será possível com a retirada contínua de 26,4 m³/s de água, o equivalente a 1,4% da vazão garantida pela barragem de Sobradinho (1850 m³/s) no trecho do rio onde se dará a captação. Este montante hídrico será destinado ao consumo da população urbana de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos quatro Estados do Nordeste Setentrional. Nos anos em que o reservatório de Sobradinho estiver vertendo, o volume captado poderá ser ampliado para até 127 m³/s, contribuindo para o aumento da garantia da oferta de água para múltiplos usos.

Tem-se abaixo uma foto do projeto que possibilita visualiza-lo, ainda que de forma teórica, facilitando seu entendimento físico-geográfico:

Mapa disponível no endereço eletrônico do Ministério da Integração Nacional em: <http://www.integracao.gov.br/saofrancisco/integracao/infografico.asp>.

Apresenta-se neste momento, algumas vantagens do Projeto de Integração do Velho Chico à população envolvida, à economia local e nacional e, ao meio ambiente em seus aspectos atingidos:

É necessário conceitualizar, antes de qualquer coisa, que são basicamente quatro os grupos de pessoas envolvidas no desígneo: dois deles são compostos pela população local vulnerável à seca, no entanto um é formado pelas famílias de pequenos produtores que lutam pela sobrevivência através da agricultura e já o outro, ao contrário destes, consiste em grandes latifundiários, empresários consolidados donos das grandes áreas de terras e na maioria deles também políticos influentes. Existe ainda o grupo dos operários, trabalhadores de outros Estados que estariam envolvidos com a implementação propriamente dita do projeto, sendo contratados para tanto e finalmente o dos políticos responsáveis pela execução do mesmo, seja em ceara municipal, estadual ou federal, dos poderes legislativo e executivo.

a) No contexto exposto acima, acredita-se que toda a população referida será beneficiada, uma vez que segundo o projeto, a transposição abasteceria 12 milhões de habitantes; observa-se, no entanto, que os políticos mencionados seriam beneficiados não com o acesso à água, mas com o status da participação neste projeto tão importante aos olhos de todos;

b) inserção de 24.400 hectares ao longo dos canais no processo produtivo (por meio da irrigação);

c) disponibilização de água para rebanhos;

d) geração de novas possibilidades de renda;

e) aumento do número de famílias fixadas no campo;

f) garantia de abastecimento das comunidades ao longo dos canais com água de boa qualidade, através dos chafarizes;

g) diminuição da migração e, portanto, retenção de um importante contingente humano na região beneficiada;

h) dinamização das atividades produtivas, gerando mais negócios, empregos e renda;

i) redução da pressão migratória sobre as pequenas e médias cidades e metrópoles da região, reduzindo seus problemas sociais e ambientais.



Em contrário senso, destacam-se a seguir os principais Impactos Ambientais ocasionados pela transposição das águas do Rio São Francisco de acordo com as proposições do RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), solicitado pelo Ministério de Integração Nacional entre tantos outros.

Este estudo de impacto ambiental se refere somente aos eixos a serem implantados e são estes alguns dos impactos relevantes:

● Início ou aceleração dos processos de desertificação durante a operação do sistema;

● Perda de terras potencialmente agricultáveis;

● Interferência e conflitos nas áreas de mineração já com concessão de outorga pelas quais passarão as águas;

● Perda e fragmentação de cerca de 430 hectares de áreas com vegetação nativa e de hábitats de fauna terrestre;

● Diminuição da diversidade de fauna terrestre;

● Aumento da exposição dos animais a caça animais vulneráveis ou ameaçados de extinção regional, como o tatu-bola, a onça-pintada, o macaco-prego, tatuí, porco-do-mato e o tatu-de-rabo-mole.;

● Modificação da composição das comunidades biológicas aquáticas nativas das bacias receptoras;

● Comprometimento do conhecimento da história biogeográfica dos grupos biológicos aquáticos nativos;

● Risco de redução da biodiversidade das comunidades biológicas aquáticas nativas nas bacias receptoras;

● Risco de introdução de espécies de peixes potencialmente daninhas ao homem nas bacias receptoras. Há espécies no Rio São Francisco consideradas nocivas, como as piranhas e pirambebas, que se alimentam de outros peixes e que se reproduzem com facilidade em ambientes de água parada;

● Interferência sobre a pesca nos açudes receptores;

● Risco de proliferação de vetores da malária, filariose, febre amarela, e da esquistossomose principalmente ao longo dos canais;

● Ocorrência de acidentes com animais peçonhentos sobretudo cobras;

● Instabilização de encostas marginais dos corpos d’água;

● Início ou aceleração de processos erosivos e carreamento de sedimentos;

● Modificação do regime fluvial das drenagens receptoras;

● Alteração do comportamento hidrossedimentológico dos corpos d’água;

● Risco de eutrofização dos novos reservatórios;

● Modificação no regime fluvial do rio São Francisco;

●Desestabilização do leito e das margens do rio, com erosão, voçoroca e assoreamento;

● Sanilização das águas com introdução de cunha salina na foz do rio São Francisco;

● Salinização de solos principalmente no vale do Baixo e Submédio Rio São Francisco;

● Leito do rio seco ou com escassez de água entre a foz e a Hidrelétrica de Xingó com extinção de espécies de peixes e da navegação no Baixo e Submédio rio São Francisco já bastante afetada pelo assoreamento;

Algumas outras desvantagens apontadas por especialistas em estudos sobre o projeto em questão:

Conforme monitoramento das Secretarias Estaduais de Recursos Hídricos os quatro Estados contemplados para receber as águas da transposição do rio São Francisco, CE, RN, PB e PE não sofrem com a falta de água, sim, têm sim um excedente hídrico porém “com uma má distribuição espacial faltando vontade política para encher o Nordeste de adutoras e canais partindo dos Açudes plurianuais Castanhão (6,7 bilhões m³), Orós (2,1 bilhões m³), Açude Banabuiú ( 1,7 bilhões m³) Curema-Mãe D'Água (1,3 bilhões m³), Açu (2,4 bilhões m³), Engenheiro Ávidos (1,2 bilhões m³) etc. sem que seja necessário transpor uma só gota d´água do Velho Chico.” *

Aldo Rebouças a maior autoridade em hidrogeologia do Nordeste e um profundo conhecedor das águas subterrâneas em todo mundo reafirma a idéia exposta acima ao dizer que: “Há mais preconceito e desconhecimento das potencialidades hídricas subterrâneas no Nordeste do Brasil do que se imagina. A escassez da água está, na verdade, relacionada com a falta de políticas continuadas de captação e gestão de recursos hídricos subterrâneos".

Dentre os pessimistas quanto ao assunto transposição, alega-se também que o projeto erra ao entregar a água bruta ao longo de quatro eixos lineares (leitos dos rios, Jaguaribe, Piranhas – Açu, Apodi e Rio Paraíba) uma vez que os mesmos já estariam perenizados há mais de 25 anos. Deixando assim de contemplar as áreas de maior escassez hídrica como a Região do Seridó, não atendendo a população dispersa fora do eixo da transposição.

Dizem ainda que o projeto de transposição do rio não preenche preceitos básicos de economia dos recursos hídricos e exemplificam tal idéia ao apontar a comprovada escassez da Bacia receptora com sua falta de alternativas internas para abastecimento humano e dessedentação animal; e, que toda a vazão do rio São Francisco já está comprometida, 80% da vazão do rio já é utilizada com a geração de energia pela CHESF que investiu US$ 13 bilhões de dólares no parque energético e os 20% restante para usos múltiplos na irrigação consumo humano e animal.

Quanto ao custo - benefício das águas transpostas à irrigação de culturas, estimam eles que o m³ de água posto nos Estados receptores custará cerca de R$ 0,11 ( IEA-RIMA.), ou seja, valor proibitivo para uso no agro-negócio, principalmente em atividades irrigacionistas, se considerarmos o custo cobrado pela CODEVASF, aos seus colonos, de R$ 0,023 o m³ sem custos de bombeamento e distribuição. A população vai pagar mais caro pela água transposta havendo um subsidio cruzado de 4% na conta do consumidor.

Ainda no mesmo sentido, esclarecem que o potencial de áreas irrigáveis do São Francisco é de 3.000.000 ha e que considerando 0,5 litro/seg/ha como um número razoável para fins de cálculo da irrigação que é praticada atualmente no vale do São Francisco, seriam necessários 1.500 m³/seg para irrigar aquela área potencial. Ocorre, no entanto, que não há esse volume disponível no rio; tem-se apenas 360 m³/seg para outorga estipulado pelo Comitê da Bacia do Rio São Francisco, isto é, apesar de existir uma área potencialmente irrigável de 3.000.000 ha, só é possível irrigar, com o volume de água disponível no rio (360 m³/seg), cerca de 720.000 ha.

Finalmente, expressam profunda indignação ao afirmarem que o projeto de Transposição do rio São Francisco desconsiderou as experiências internacionais mal sucedidas sobre transferência de água entre bacias hidrográficas, e além disso, usa estas experiências como a dos rios Tejo-Segura na Espanha e do Rio Colorado nos estados Unidos como justificativas de sucesso para transposição do Rio São Francisco.

A transposição dos rios Tejo-Segura trouxe mais problemas do que soluções para o governo Espanhol, tanto assim, é que foi abortado o projeto de transposição do rio Ebro para as zonas costeiras do sul da Espanha baseado em relatórios do Centro de Recursos e Estudos Ambientais da Australian National University que apresentou, entre outras justificativas, para dar segurança na decisão do Governo Espanhol de fazer ou não a transposição do

Desenvolvimento

Qual o foco central deste projeto que envolve tantas questões multidisciplinares?

O Projeto de Integração do rio São Francisco objetiva assegurar, em 2025, a oferta de água para consumo das populações urbanas de pequenas, médias e grandes cidades da região Semi Árida do Brasil. Em Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte aproximadamente 12 milhões de pessoas em 390 municípios do Agreste e do Sertão destes Estados seriam beneficiadas com este abastecimento.

Em termos práticos, no que consiste a transposição das águas do São Francisco?

A integração do rio São Francisco às bacias dos rios temporários do Semi-árido será possível com a retirada contínua de 26,4 m³/s de água, o equivalente a 1,4% da vazão garantida pela barragem de Sobradinho (1850 m³/s) no trecho do rio onde se dará a captação. Este montante hídrico será destinado ao consumo da população urbana de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos quatro Estados do Nordeste Setentrional. Nos anos em que o reservatório de Sobradinho estiver vertendo, o volume captado poderá ser ampliado para até 127 m³/s, contribuindo para o aumento da garantia da oferta de água para múltiplos usos.

Tem-se abaixo uma foto do projeto que possibilita visualiza-lo, ainda que de forma teórica, facilitando seu entendimento físico-geográfico:



Mapa disponível no endereço eletrônico do Ministério da Integração Nacional em: <http://www.integracao.gov.br/saofrancisco/integracao/infografico.asp>.

Apresenta-se neste momento, algumas vantagens do Projeto de Integração do Velho Chico à população envolvida, à economia local e nacional e, ao meio ambiente em seus aspectos atingidos:

É necessário conceitualizar, antes de qualquer coisa, que são basicamente quatro os grupos de pessoas envolvidas no desígneo: dois deles são compostos pela população local vulnerável à seca, no entanto um é formado pelas famílias de pequenos produtores que lutam pela sobrevivência através da agricultura e já o outro, ao contrário destes, consiste em grandes latifundiários, empresários consolidados donos das grandes áreas de terras e na maioria deles também políticos influentes. Existe ainda o grupo dos operários, trabalhadores de outros Estados que estariam envolvidos com a implementação propriamente dita do projeto, sendo contratados para tanto e finalmente o dos políticos responsáveis pela execução do mesmo, seja em ceara municipal, estadual ou federal, dos poderes legislativo e executivo.

a) No contexto exposto acima, acredita-se que toda a população referida será beneficiada, uma vez que segundo o projeto, a transposição abasteceria 12 milhões de habitantes; observa-se, no entanto, que os políticos mencionados seriam beneficiados não com o acesso à água, mas com o status da participação neste projeto tão importante aos olhos de todos;

b) inserção de 24.400 hectares ao longo dos canais no processo produtivo (por meio da irrigação);

c) disponibilização de água para rebanhos;

d) geração de novas possibilidades de renda;

e) aumento do número de famílias fixadas no campo;

f) garantia de abastecimento das comunidades ao longo dos canais com água de boa qualidade, através dos chafarizes;

g) diminuição da migração e, portanto, retenção de um importante contingente humano na região beneficiada;

h) dinamização das atividades produtivas, gerando mais negócios, empregos e renda;

i) redução da pressão migratória sobre as pequenas e médias cidades e metrópoles da região, reduzindo seus problemas sociais e ambientais.







Em contrário senso, destacam-se a seguir os principais Impactos Ambientais ocasionados pela transposição das águas do Rio São Francisco de acordo com as proposições do RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), solicitado pelo Ministério de Integração Nacional entre tantos outros.

Este estudo de impacto ambiental se refere somente aos eixos a serem implantados e são estes alguns dos impactos relevantes:

● Início ou aceleração dos processos de desertificação durante a operação do sistema;

● Perda de terras potencialmente agricultáveis;

● Interferência e conflitos nas áreas de mineração já com concessão de outorga pelas quais passarão as águas;

● Perda e fragmentação de cerca de 430 hectares de áreas com vegetação nativa e de hábitats de fauna terrestre;

● Diminuição da diversidade de fauna terrestre;

● Aumento da exposição dos animais a caça animais vulneráveis ou ameaçados de extinção regional, como o tatu-bola, a onça-pintada, o macaco-prego, tatuí, porco-do-mato e o tatu-de-rabo-mole.;

● Modificação da composição das comunidades biológicas aquáticas nativas das bacias receptoras;

● Comprometimento do conhecimento da história biogeográfica dos grupos biológicos aquáticos nativos;

● Risco de redução da biodiversidade das comunidades biológicas aquáticas nativas nas bacias receptoras;

● Risco de introdução de espécies de peixes potencialmente daninhas ao homem nas bacias receptoras. Há espécies no Rio São Francisco consideradas nocivas, como as piranhas e pirambebas, que se alimentam de outros peixes e que se reproduzem com facilidade em ambientes de água parada;

● Interferência sobre a pesca nos açudes receptores;

● Risco de proliferação de vetores da malária, filariose, febre amarela, e da esquistossomose principalmente ao longo dos canais;

● Ocorrência de acidentes com animais peçonhentos sobretudo cobras;

● Instabilização de encostas marginais dos corpos d’água;

● Início ou aceleração de processos erosivos e carreamento de sedimentos;

● Modificação do regime fluvial das drenagens receptoras;

● Alteração do comportamento hidrossedimentológico dos corpos d’água;

● Risco de eutrofização dos novos reservatórios;

● Modificação no regime fluvial do rio São Francisco;

●Desestabilização do leito e das margens do rio, com erosão, voçoroca e assoreamento;

● Sanilização das águas com introdução de cunha salina na foz do rio São Francisco;

● Salinização de solos principalmente no vale do Baixo e Submédio Rio São Francisco;

● Leito do rio seco ou com escassez de água entre a foz e a Hidrelétrica de Xingó com extinção de espécies de peixes e da navegação no Baixo e Submédio rio São Francisco já bastante afetada pelo assoreamento;

Algumas outras desvantagens apontadas por especialistas em estudos sobre o projeto em questão:

Conforme monitoramento das Secretarias Estaduais de Recursos Hídricos os quatro Estados contemplados para receber as águas da transposição do rio São Francisco, CE, RN, PB e PE não sofrem com a falta de água, sim, têm sim um excedente hídrico porém “com uma má distribuição espacial faltando vontade política para encher o Nordeste de adutoras e canais partindo dos Açudes plurianuais Castanhão (6,7 bilhões m³), Orós (2,1 bilhões m³), Açude Banabuiú ( 1,7 bilhões m³) Curema-Mãe D'Água (1,3 bilhões m³), Açu (2,4 bilhões m³), Engenheiro Ávidos (1,2 bilhões m³) etc. sem que seja necessário transpor uma só gota d´água do Velho Chico.” *

Aldo Rebouças a maior autoridade em hidrogeologia do Nordeste e um profundo conhecedor das águas subterrâneas em todo mundo reafirma a idéia exposta acima ao dizer que: “Há mais preconceito e desconhecimento das potencialidades hídricas subterrâneas no Nordeste do Brasil do que se imagina. A escassez da água está, na verdade, relacionada com a falta de políticas continuadas de captação e gestão de recursos hídricos subterrâneos".

Dentre os pessimistas quanto ao assunto transposição, alega-se também que o projeto erra ao entregar a água bruta ao longo de quatro eixos lineares (leitos dos rios, Jaguaribe, Piranhas – Açu, Apodi e Rio Paraíba) uma vez que os mesmos já estariam perenizados há mais de 25 anos. Deixando assim de contemplar as áreas de maior escassez hídrica como a Região do Seridó, não atendendo a população dispersa fora do eixo da transposição.

Dizem ainda que o projeto de transposição do rio não preenche preceitos básicos de economia dos recursos hídricos e exemplificam tal idéia ao apontar a comprovada escassez da Bacia receptora com sua falta de alternativas internas para abastecimento humano e dessedentação animal; e, que toda a vazão do rio São Francisco já está comprometida, 80% da vazão do rio já é utilizada com a geração de energia pela CHESF que investiu US$ 13 bilhões de dólares no parque energético e os 20% restante para usos múltiplos na irrigação consumo humano e animal.

Quanto ao custo - benefício das águas transpostas à irrigação de culturas, estimam eles que o m³ de água posto nos Estados receptores custará cerca de R$ 0,11 ( IEA-RIMA.), ou seja, valor proibitivo para uso no agro-negócio, principalmente em atividades irrigacionistas, se considerarmos o custo cobrado pela CODEVASF, aos seus colonos, de R$ 0,023 o m³ sem custos de bombeamento e distribuição. A população vai pagar mais caro pela água transposta havendo um subsidio cruzado de 4% na conta do consumidor.

Ainda no mesmo sentido, esclarecem que o potencial de áreas irrigáveis do São Francisco é de 3.000.000 ha e que considerando 0,5 litro/seg/ha como um número razoável para fins de cálculo da irrigação que é praticada atualmente no vale do São Francisco, seriam necessários 1.500 m³/seg para irrigar aquela área potencial. Ocorre, no entanto, que não há esse volume disponível no rio; tem-se apenas 360 m³/seg para outorga estipulado pelo Comitê da Bacia do Rio São Francisco, isto é, apesar de existir uma área potencialmente irrigável de 3.000.000 ha, só é possível irrigar, com o volume de água disponível no rio (360 m³/seg), cerca de 720.000 ha.

Finalmente, expressam profunda indignação ao afirmarem que o projeto de Transposição do rio São Francisco desconsiderou as experiências internacionais mal sucedidas sobre transferência de água entre bacias hidrográficas, e além disso, usa estas experiências como a dos rios Tejo-Segura na Espanha e do Rio Colorado nos estados Unidos como justificativas de sucesso para transposição do Rio São Francisco.

A transposição dos rios Tejo-Segura trouxe mais problemas do que soluções para o governo Espanhol, tanto assim, é que foi abortado o projeto de transposição do rio Ebro para as zonas costeiras do sul da Espanha baseado em relatórios do Centro de Recursos e Estudos Ambientais da Australian National University que apresentou, entre outras justificativas, para dar segurança na decisão do Governo Espanhol de fazer ou não a transposição do Rio Ebro que “[...] o custo estimado de entregar oficialmente a água por metro cúbico do rio Ebro para as bacias receptoras é quase 50 por cento mais elevado do que o atual custo da dessalinização da água do mar".

Lembra-se que no caso do Rio Colorado há mais de 30 anos deixou de chegar a sua foz introduzindo graves problemas ambientais na Baixa Califórnia no México como a salinização dos solos a extinção do delta e dos pântanos dizimando o santuário ecológico de reprodução de milhares de espécies de aves, tudo por conta da superexploração das inúmeras aduções de água feita ao longo do rio Colorado para irrigar milhões de hectares de terras nos estados de Nevada, Arizona e Califórnia. Afirmam que o rio São Francisco trilha o mesmo caminho: “logo logo, se transformara na imagem refletida do Rio Colorado”.

A nível nacional deve-se lembrar que o desvio das águas do rio Paraíba do Sul para o rio Guandu, o qual abastece o Rio de Janeiro, aliada à grande degradação em grandes extensões das margens ao longo do curso do rio, provavelmente são as maiores causas da destruição da cidade de Atafona, na foz, que já teve grande parte de sua cidade engolida pelo mar.

















Conclusão

Frente a todo o exposto, pode-se concluir então, que a relevância, grandiosidade e complexidade deste agora melhor analisado projeto de transposição das Águas do rio São Francisco, em se tratando de questões nos mais diferentes aspectos, sejam ambientais, econômicos, sociais, exige ainda analises mais profundas, feitas de forma comparativa, inteligente e multidisciplinar. Devem ser estudadas possibilidades menos dispendiosas e realizados maiores levantamentos quanto a sua implementação. Estudos e levantamentos estes que, idealmente falando, deveriam estar livres de politicagens enrustidas, seja aquelas voltadas a preservar a chamada “industria da seca” ou ao superfaturamento e desvios das verbas destinadas as obras do projeto em tela.

Assim, entende-se que ninguém discorda da necessidade de o semi-árido nordestino ter um projeto de viabilização de águas de grande porte afim de atender a demanda de toda sua população local, tornar aquela região muito mais produtiva, combater a pobreza local e atingir objetivos do desenvolvimento sustentável. Contudo, falar em transposição sem incluir a revitalização intensa e permanente dos trechos já degradados e o levantamento de questões ainda duvidosas, inclusive frente aos exemplos citados, é bastante arriscado e pode ter conseqüências irreversíveis ao meio ambiente.















Referências bibliográficas

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EDITORA MODERNA. Transposição do rio São Francisco: um projeto ambicioso e polêmico. 2006. Disponível em: http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/projeto/2006/1/rio/>. Acesso em: 22 set. 2009





KELMAN, J. “Duas margens do rio: gestão dos recursos hídricos e produção de energia”. Gorgulho. Brasília, junho de 2005. Disponível em:<http://www.gorgulho.com/entrevistas/Kelman3.htm>. Acesso em: 27 set. 2009.

LEITE, M. O "PENSAMENTO" AMBIENTAL DE LULA. Ciência em Dia, 22 set. 2009. Disponível em: <http://cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br/arch2009-03-22_2009-03-28.html#2009_03-23_16_53_10-129493890-27>. Acesso em: 25 set. 2009.

PROGRAMA de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=34>. Acesso em: 23 set. 2009.

PROJETO São Francisco. Ministério da Integração Nacional. Disponível em: <http://www.integracao.gov.br/saofrancisco/>. Acesso em: 23 set. 2009.

RELATÓRIO da Estrutura dos Projetos Básicos Ambientais. Ministério Integração Nacional. 2007. Disponível em: <http://www.integracao.gov.br/saofrancisco/pdf/integracao/pba.pdf>. Acesso em: 23 set. 2009.

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RELATÓRIO do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Ministério da Integração Nacional. Disponível em: <http://www.integracao.gov.br/saofrancisco/revitalizacao/relatorio.asp>. Acesso em: 25 set. 2009.

RIBEIRO, H. “Caravana Nacional em Defesa do Rio São Francisco e contra a transposição chega ao Ceará levantando o debate”. TERRAMAR. 21/08/2007. Disponível em: <http://www.terramar.org.br/oktiva.net/1320/nota/57123>. Acesso em: 25 set. 2009.

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SUASSUNA, J. Transposição das águas do Rio São Francisco para o abastecimento do Nordeste semi-árido: solução ou problema? FUNDAJ, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br/docs/tropico/desat/joao.html>. Acesso em: 25 set. 2009.

TRABALHADORES na agricultura da Paraíba defendem projeto de integração de bacias. Disponível em: <http://www.integracao.gov.br/saofrancisco/noticias/noticia.asp?id=677>. Acesso em: 30 mar. 2009.



TORRES, M. CBH São Francisco faz consulta pública sobre transposição. Disponível em: <http://www.manuelzao.ufmg.br/folder_atuacao/folder_saofrancisco/cbh-sao-francisco-faz-consulta-publica-sobre-transposicao>. Acesso em: 26 set. 2009.

11 comentários:

  1. Tem coisas escritas erradas...

    É só por no Word que você vai ver...

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  2. pow, gostei, esclareceu minha dúvida

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  3. GOSTEI, MAS, GOSTARIA DE SABER MAIS SOBRE O CUSTO BENEFICIO. NA MINHA OPINIÃO O MOLHO VAI SAIR MAIS CARO QUE O PEIXE.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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